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Exposição de tirinhas

Atualizado: 2 de out. de 2019

Há bastante tempo, nas salas de aula da graduação e da pós-graduação em Letras, falamos sobre a importância de propormos a elaboração de textos que, de fato, poderiam circular na sociedade; ou seja, torna-se interessante permitir aos textos elaborados pelxs estudantes circular fora da sala de aula, fora da mochila e dos cadernos, encontrando, desse modo, novos leitores. Para isso, é necessário idealizarmos práticas de sala de aula cujo paradigma sejam reais situações de comunicação, prevendo, assim, práticas de leitura e de escrita contextualizadas. Dessa forma, os pressupostos inerentes à perspectiva do letramento podem emergir.


Buscando compor textos inseridos em contextos de comunicação específicos, capazes de encontrar novos leitores, idealizamos e executamos uma exposição de tirinhas. Os alunos e as alunas foram convidados a analisar uma tirinha (observando forma e conteúdo): cada estudante recebeu uma tirinha e compôs, em uma página especial para a exposição, questionamentos capazes de suscitar o olhar crítico dxs visitantes (isto é, para a comunidade escolar).


Acervo de tirinhas:


Exposição:


IMPORTANTE: trabalhamos apenas com quadrinistas HOMENS; depois de recebidas as tirinhas e elaborado o material para a exposição, fizemos uma análise desses nomes. Escrevemos todos no quadro, e eu, professora, enunciei a provocação: ao olharmos para esse conjunto de nomes, o que percebemos? O visitante, ao ver esse conjunto de quadrinistas, o que poderá pensar?".

As respostas emergiriam:

"Percebemos que temos mais tirinhas do Liniers."

"Temos apenas uma tirinha do Edgar Vasques."

"Não temos tirinhas do Maurício de Souza".

E, por fim, "Há apenas homens nessa lista."


Segui tecendo questionamentos: "E qual o problema de termos apenas quadrinistas homens na exposição?", "Ao ver apenas nomes de homens, o que o visitante da exposição poderá pensar?". Duas alunas (sim, duas meninas) disseram que, com esse conjunto de tirinhas, os visitantes poderiam pensar que apenas homens fazem quadrinhos.


Toda essa reflexão foi ao encontro do trabalho desenvolvido em Artes Visuais, desde Março, quando as turmas de sexto ano começaram os estudos acerca da presença ou ausência de mulheres artistas em três âmbitos - nossa memória, os livros didáticos e os livros de arte (como enciclopédias). Apesar de não compormos um projeto interdisciplinar, os componentes curriculares Artes Visuais e Língua Portuguesa e Literatura estavam dialogando e permitiram aos estudantes tecer relações (obviamente, não foram todos que espontaneamente o fizeram).


Segui com as inquietações: "Como podemos convidar os visitantes a observar a ausência de nomes de mulheres quadrinistas na nossa exposição?". As sugestões emergiram e, conversando, decidimos incluir uma pergunta para os visitantes: "Você sentiu falta de alguma coisa?". Deixamos à disposição um QRCODE que dava acesso a uma questão on-line, a qual poderia ser respondida.


Infelizmente, de modo espontâneo, poucos visitantes responderam. Contudo, levei a turma de sétimo ano para experimentar essa reflexão: visitamos a exposição e, em seguida, criamos hipóteses. Apenas uma aluna (sim, uma menina) percebeu a ausência de nomes de mulheres. Na ocasião, depois de observarmos e problematizarmos isso, um acervo de tirinhas apenas de MULHERES QUADRINISTAS circulou entre xs estudantes, permitindo um momento de fruição.


Novo acervo: agora apenas quadrinistas mulheres



Que tal uma explicação mais teórica sobre a perspectiva que organiza essa atividade? Aqui!

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