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Objetos ressignificados & palavras ressignificadas


Escrevo esse post hoje, dia 08 de Abril de 2020. Vivemos um momento único: estamos em meio à pandemia de Covid-19; eu-professora (assim como xs estudantes) estou em casa, em quarentena. Esse é um momento de intenso trabalho e tenho me dedicado a organizar a pesquisa "O livro é um convite".

Em meio a estudos e à organização de registros, volto ao passado, especificamente ao ano de 2018, ao meu primeiro ano como docente no CAp. Trarei aqui (sim, com muito atraso!) o relato da PRIMEIRA PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR proposta entre Literatura e Língua Portuguesa e Artes Visuais (primeira de muitas).


Em 2018, passei a atuar como professora de Ensino Fundamental II pela primeira vez na vida. Conheci turmas de sexto e sétimo anos e, confesso, foi assustador! Eu simplesmente não sabia por onde começar...

Naquele ano, eu descobri (não lembro bem como, talvez ao visitar uma livraria) O Livro dos Ressignificados, de João Doederlein.

O livro é incrível por vários motivos, mas especialmente porque, de modo geral, xs estudantes o recebem muitíssimo bem! A obra revisita o gênero discursivo verbete e usa a linguagem poética para compor definições subjetivas paras as palavras. Dessa forma, podemos (e foi o que fiz!) recuperar as muitas modalidades de dicionário; refletir acerca das especificidades dos verbetes (linguagem, função, tipologia etc.) e das configurações do perfil de linguagem: linguagem técnica/científica e linguagem literária (conotação, figuras de linguagem, descrição subjetiva), representação (com direito à presença de Magritte nas aulas). Tudo isso pode compor uma extensa sequência didática.


O QUE FIZEMOS EM LITERATURA E LÍNGUA PORTUGUESA: verbetes

Depois de nos dedicarmos a tudo que foi descrito acima, foi a hora a vez de chegarmos à escrita criativa: escrevemos verbetes sobre nós mesmos; ou seja, a palavra de cada estudante foi seu nome, e ele deveria descrever tal palavra apropriando-se da linguagem literária, usando ao máximo sua subjetividade.


Observação 1: infelizmente não tenho registros das produções textuais. Por favor, professoras e professores, tirem fotos do processo e do resultado das suas práticas pedagógicas.

Observação 2: cada verbete foi transcrito em uma folha com aquarela, elaborada pelxs prórixas estudantes, nas aulas de Artes Visuais. Dessa forma, potencializamos a subjetividade da criação.

INTERDISCIPLINARIDADE: o que fizemos em Artes Visuais e Língua Portuguesa.

Em ação conjunta, convidamos as turmas a ressignificarem um objeto, ou seja, a criarem uma nova função (com tom poético) para objetos do dia a dia. Depois de aulas ministradas (o material, em pdf, você encontra aqui!) pelas duas professoras juntas, foi a hora e a vez da criação.



Foi preciso conhecer e estudar outro gênero discursivo, dando ênfase à tipologia injuntiva: os manuais, o conhecido "Modo de usar". Além disso, decidimos idealizar e organizar uma exposição (é sempre interessante que as produções dxs estudantes saiam da sala de aula e encontrem outros leitores e receptores). Para isso, foi preciso (além de criar o texto "Modo de usar") elaborar uma etiqueta (a "legenda") que acompanha o objeto artístico (no caso, o objeto ressignificado), na qual contam título, nome do autor e da autora, composição da obra (material).



E depois?

Em LP, as aulas seguiram dedicando-se a pensar o uso da linguagem e chegando à simbologia. Para tanto, trabalhamos, com estes textos: a canção "Não existe amor em SP", de Criolo; o conto "Olhos d'água", de Conceição Evaristo; e chegamos a uma leitura literária de mais fôlego, a graphic novel Três Sombras, de Cyril Pedrosa. E para cada atividade dessas, um material foi utilizado. Um detalhe importante é que sempre houve um esforço de exercitar o olhar comparatista, observando, para tanto, os intertextos.



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