Alunos booktubers? Tivemos!
Muitos? Não mesmo!
Começarei com um "mea culpa": 2018 foi o ano em que o projeto "Mala Pronta" foi idealizado e executado. Ao mesmo tempo, 2018 foi meu primeiro ano no Colégio de Aplicação da UFRGS, foi minha primeira experiência como professora de sexto e sétimo anos, foi meu primeiro momento atuando com uma equipe nova de professores. Em resumo, o ano de 2018 foi muito intenso!
Em meio aos incontáveis desafios inerentes a qualquer processo de adaptação a novos espaços do mundo do trabalho, o cargo de professora em um Colégio de Aplicação exigiu que eu idealizasse um projeto de pesquisa, o qual está vinculado ao meu estágio probatório. Minha decisão foi construir algo diretamente relacionado à minha prática docente, por isso, optei por tornar o cerne de minha pesquisa a mediação de leitura literária. Digo tudo isso para explicar por que, na minha opinião, o projeto de leitura "Mala Pronta", vinculado à minha pesquisa, enfrentou alguns problemas e, consequentemente, conquistou alguns fracassos.
O que parece um paradoxo é uma realidade para a sala de aula, especialmente na educação básica. Uma sequência didática, mesmo quando muito bem idealizada, pode fracassar; e não necessariamente fracassa por completo.
"Mala Pronta: Livro Livre" teve êxitos e fracassos.
Das conquistas: sim, alunos e alunas, por meio do projeto, encontraram no seu cotidiano a literatura; livros, muitos livros por todos os lados; alunos e alunas viram professores e professoras lendo, carregando livros; alunos e alunas conversaram sobre livros, levaram livros para casa, devolveram livros e muitos leram (muitos, não todos!).
Dos fracassos: um dos objetivos do projeto era implementar a prática de resenhas virtuais, isto é, resenhas em formato de vídeo. Dessa forma, alunos e alunas assumiriam a função de booktubers.
Como funcionou em 2018?
Os alunos (duas turmas de sétimo ano, 60 estudantes) foram organizados em uma escala: tivemos quatro datas para retirar livros, lê-los e devolvê-los; em cada uma dessas quatro ocasiões, alunos eram convidados a entregar seu vídeo-resenha. Uso a ideia de convite porque era exatamente isso, uma vez que as ações do "Mala Pronta" não pertenciam a um único componente curricular, não havia uma avaliação formal do engajamento dos alunos.
O resultado dessa flexibilidade, dessa busca pelo engajamento espontâneo dos alunos e das alunas, foi uma adesão baixa à produção dos vídeos. Tivemos apenas doze produções entregues; o canal no youtube para disponibilizar os vídeos demorou para ser construído pelos professores, mas, em sala de aula, projetamos todos os vídeos entregues.
Abaixo, você pode conferir o tutorial que apresentamos aos alunos e às alunas:
Na página 3, ficam esclarecidas as modalidades que podem ser utilizadas para gravas os vídeos;
Nas páginas seguintes, cada uma das modalidades é explicada.
Por que não deu certo?
Para mim, a falta de engajamento na produção dos vídeos foi, essencialmente, a falta de acompanhamento do processo de criação do vídeo. Apesar de termos orientado como fazer a gravação, os alunos deveriam atuar de modo muito autônomo e independente e, parece-me, eles não tiveram essa disposição.
Em alguma medida, assim como o diário de leitura, a ação que poderia qualificar o projeto é MEDIAÇÃO. Para criar a autonomia, em especial na idade desses alunos, é preciso, antes de mais nada, orientação e formação. Por isso, criamos, para 2019, um diário mais elaborado, a ser usado em sala de aula, como recurso pedagógico. Por isso, em 2019, iremos promover oficinas para pensarmos a criação de vídeos e conteúdos para a internet.
Esses resultados e essa experiência me levaram a pensar a importância da ideia de continuidade entre sexto e sétimo anos. Em 2018, apenas o sétimo ano participou do projeto (a turma Amora II, como chamamos no CAp); em 2019, tanto sexto ano quanto sétimo ano participarão do "Mala Pronta", mas não exatamente do mesmo modo. Para o sexto ano, teremos apenas o diário e, ao fim do ano, a exposição dos diários; para o sétimo, além do diário, os vídeos. Meu palpite, neste momento, é que ao longo desses dois anos construiremos o engajamento dos alunos.
E os vídeos?
Pois bem, aqui estão os vídeos produzidos pelos alunos e pelas alunas em 2018.
Basta acessar o canal no youtube (clique na imagem):
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